Do Cavalo ao Carro: Como Minha Primeira Experiência com IA Mudou no Meu Trabalho
Como a inteligência artificial deixou de ser uma ferramenta e se tornou um amplificador da minha criatividade, produtividade e forma de colaborar.
Quando Henry Ford revolucionou o transporte com o Modelo T, não estava apenas criando um carro. Estava redefinindo como as pessoas se relacionavam com a mobilidade, o tempo e, fundamentalmente, umas com as outras. Hoje, vivemos uma transformação similar com a inteligência artificial, e minha primeira experiência real com IA no trabalho me ensinou que, assim como a transição do cavalo para o carro, não se trata apenas de velocidade. Trata-se de repensar completamente como colaboramos.
O Momento da Virada
Meu primeiro contato com a IA não aconteceu em uma grande conferência ou num projeto futurista. Foi no café da empresa, ouvindo alguns desenvolvedores comentarem sobre um tal ChatGPT que “respondia tudo”. Abri por curiosidade, esperando algo comum. Mas, a cada resposta, eu ficava mais intrigado. Testei de tudo, até nos limites éticos, só para entender do que aquela tecnologia era capaz.
Foi aí que algo inesperado aconteceu. Quem me conhece sabe: tenho Síndrome de Irlen, uma condição que distorce a visão e me causa uma espécie de dislexia severa. Escrever sempre foi um desafio enorme. Eu tinha ideias estratégicas claras, mas, na hora de registrar, parecia que a mente corria mais rápido do que minhas mãos podiam acompanhar. Isso me frustrava — parecia que minha criatividade ficava presa dentro da minha cabeça.
Com a IA, essa trava começou a cair. Ela me ajudava a estruturar frases, organizar o raciocínio, corrigir detalhes que antes me tomavam horas. Um trabalho que levava semanas, passou a levar dias. E, mais importante: eu finalmente me sentia livre para criar sem o peso da minha limitação.
Foi um momento de virada, quase libertador. Percebi que aquela ideia de “Eugência” — uma pessoa fazendo o trabalho de uma agência inteira — não era mais uma utopia. Era eu, no meu ritmo, entregando mais do que imaginava possível. E foi aí que a frase de Andrew Ng fez sentido de verdade:
“A inteligência artificial é a nova eletricidade. Ela irá transformar todos os setores da sociedade e impulsionar o progresso humano de uma forma sem precedentes.” [1]
Eu não estava apenas vendo essa transformação. Eu era parte dela.
A Primeira Lição: IA não é Ferramenta, Ela Amplifica sua inteligência.
No começo, encarei a IA como um recurso extra, um atalho para ganhar tempo em tarefas repetitivas. Mas logo percebi que era muito mais do que isso. Era como se eu tivesse ganhado um clone meu — um parceiro incansável que pensava junto comigo, organizava ideias, respondia rápido e ajudava a enxergar soluções que, sozinho, demoraria muito mais para encontrar.
E essa sensação ficou ainda mais forte quando o ChatGPT lançou os agentes GPTs. Ali entendi que eu não tinha apenas um “copiloto”. Eu tinha o poder de criar várias facetas de mim mesmo, em clones que estavam à minha disposição: estrategista, redator, analista, pesquisador.
Todo o conhecimento e experiência básica que eu já tinha foram amplificados a um novo patamar. Não existia mais aquele momento de parar tudo para estudar um ponto específico ou entender um processo do zero, agora, eu aprendia ao vivo com a IA. Era como ter todas as habilidades necessárias reunidas, permitindo que eu fizesse sozinho o trabalho que antes exigia uma equipe inteira.
Foi aí que entendi: IA não é apenas ferramenta. Ela é uma extensão da sua inteligência. Um amplificador. E quando você enxerga isso, sua forma de pensar, planejar e criar muda para sempre.
O Paradoxo da Eficiência: Mais Tempo Para Ser Humano
Aqui está algo que ninguém me contou sobre trabalhar com IA: ela não nos torna menos humanos, e muito menos mais burros.
O que ela faz é nos dar mais tempo e energia para sermos profundamente humanos.
Quando a IA assumiu as tarefas repetitivas, rascunhos, análises iniciais, formatações. Eu pude focar no que realmente faz diferença: estratégia, criatividade e conexão emocional com as pessoas.
Sempre fui generalista, com uma visão 360º da comunicação. Isso significa que eu conhecia bem cada etapa, mas precisava de tempo e foco para navegar entre elas. Com a IA, esse tempo foi devolvido. E mais importante: ela me poupou a energia que antes era drenada em atividades mecânicas, para que eu pudesse estar presente onde realmente importa, no pensamento estratégico, nas ideias criativas e na construção de relações humanas genuínas.
A frase de Elon Musk captura bem isso:
“A inteligência artificial não substituirá os humanos, mas sim ampliará nossas capacidades e nos ajudará a resolver problemas complexos de forma mais eficiente.” [2]
Na prática, foi exatamente isso: menos tempo em tarefas automáticas, mais tempo para interpretar, ajustar, lapidar e se conectar. A IA não roubou minha humanidade; ela ampliou meu espaço para exercê-la.
A Nova Dinâmica de Colaboração
Trabalhar com IA mudou completamente como eu entendo colaboração. Antes, colaboração era sempre entre pessoas: equipe de criação, mídia, atendimento, planejamento. Cada um com sua área, suas responsabilidades, seu ritmo.
Com a IA, surgiu uma nova camada: colaborar com algo que não é humano, mas que potencializa tudo o que fazemos como humanos.
Foi estranho no começo. Parecia apenas mais uma ferramenta, como um software de edição ou uma planilha inteligente. Mas logo percebi que não era isso. A IA me desafiava a pensar melhor, a perguntar melhor, a estruturar melhor o raciocínio… e, principalmente, me ensinava no processo. Cada interação era uma oportunidade de aprender algo novo, entender um conceito mais rápido ou descobrir uma abordagem que eu ainda não tinha considerado.
Hoje, trabalhar com IA não é sobre “substituir alguém” ou “automatizar tudo”. É sobre ter um parceiro invisível que eleva o nível da conversa, ensina enquanto colabora e ainda amplia sua própria inteligência, liberando tempo e energia para o que realmente importa: pensar, criar, se conectar e inovar.
Os Desafios Que Ninguém Menciona
Trabalhar com IA é transformador, mas nem tudo são flores. Existe uma parte da história que pouca gente conta: os desafios invisíveis.
O primeiro é o excesso de dependência. Quando você tem um “clone seu” disponível 24h, fazendo rascunhos, sugerindo ideias e até te ensinando coisas novas, a tentação de terceirizar demais o pensamento é real. Precisei criar uma disciplina pessoal para não perder minha essência criativa, para que a IA fosse um amplificador, e não uma muleta.
Outro desafio é a curva de aprendizado emocional. Sim, emocional. Parece exagero, mas existe um certo desconforto em admitir que uma parte do seu trabalho agora é feita com (e às vezes melhor por) uma inteligência artificial. Envolve ego, envolve identidade profissional, envolve a pergunta: “O que isso significa para mim daqui pra frente?”
E, claro, há o ruído de informação. A IA pode abrir dezenas de caminhos possíveis em segundos, o que é incrível, mas também pode ser paralisante se você não souber filtrar. Aprendi que, mais do que nunca, a habilidade de fazer boas perguntas e definir objetivos claros é o que separa um bom uso da IA de um uso confuso e improdutivo.
Esses desafios não são um motivo para evitar a IA, mas sim um convite para usá-la com consciência. Porque, no final, ela não substitui sua inteligência, ela amplia, e te obriga a crescer com ela.
O Futuro Já Chegou
Assim como a transição do cavalo para o carro não foi apenas sobre velocidade, mas sobre redesenhar possibilidades, a integração da IA no nosso trabalho não é apenas sobre fazer mais rápido. É sobre mudar como pensamos, criamos e colaboramos.
E nessa analogia, existe um elemento especial que muita gente esquece: o cavaleiro.
Na era do cavalo, o cavaleiro dominava a direção e o ritmo. Com a chegada do carro, ele se transformou no motorista, aprendendo uma nova forma de conduzir. Hoje, com a IA, temos o mesmo desafio: não ser o cavalo que carrega peso, nem apenas o carro que executa tarefas, mas sim o cavaleiro e o motorista — aquele que guia, decide e dá direção.
A IA não veio para nos substituir, mas para nos amplificar. Ela libera tempo, devolve energia e nos permite ser mais estratégicos, criativos e profundamente humanos. O verdadeiro impacto não está no que ela faz por nós, mas no que ela nos permite fazer com mais clareza e confiança.
A pergunta não é se você deve usar IA no seu trabalho, mas como você pode integrá-la de forma que amplifique o melhor da sua inteligência e da colaboração humana ao seu redor.
Porque, no final das contas, a tecnologia mais poderosa é aquela que nos torna mais humanos, não menos.
E você? Já integrou IA ao seu trabalho? O que mudou para você? Compartilhe sua experiência nos comentários.
Referências
[1] Awari. "Inteligência Artificial: As Melhores Citações para se Inspirar". Disponível em: https://awari.com.br/inteligencia-artificial-as-melhores-citacoes-para-se-inspirar/
[2] Awari. "Inteligência Artificial: As Melhores Citações para se Inspirar". Disponível em: https://awari.com.br/inteligencia-artificial-as-melhores-citacoes-para-se-inspirar/